PROBLEMA ESTÉTICO

PROBLEMA ESTÉTICO

Introdução




Autor: Jose Adilson dos Santos
Instituição: Fanese
Tema: Filosofia
Data de inclusão: 29/07/2003



 Identificando os fenômenos da verdade, do bem e do belo como questões fundamentais do pensamento, o estudo da filosofia, desde os seus primórdios na Grécia, concentrou-se em três áreas que serão posteriormente chamadas de metafísica (ou teoria do conhecimento), ética e estética, respectivamente. A estética é o pensamento filosófico que estuda a arte e o belo. Derivada do Grego aísteses (percepção), a palavra estética remete à compreensão proveniente da apreensão sensível, a intuição da beleza.
E são esses elementos recalcados que reaparecem na obra, que nessa perspectiva se coloca como a denúncia do que foi negado, tanto individual como socialmente. Sendo assim, torna-se interessante para a Psicologia estudar uma atividade que possibilita que os elementos recalcados ganhem expressão
Por outro lado, quando observamos o que Hegel diz sobre a arte, um filósofo preocupado com a discussão no âmbito da Estética, a proximidade das duas disciplinas fica mais evidente. No livro O Belo na Arte diz:
"É que a alma humana, no seu conjunto, com tudo o que remove as suas profundezas e constitui a sua força e poder, com todo o sentir e todas as paixões, todo o profundo interesse que agita os íntimos – toda esta vida concreta forma a matéria vivente da arte"(Hegel,1996, p.206)

1. DEFINIÇÃO DA ARTE
No posfácio de seu livro A origem da obra de arte, o filósofo alemão Martin Heidegger afirma que: "Desde o tempo em que despontou uma reflexão expressa sobre a arte e os artistas, tal reflexão se chamou estética". Todavia, como área da filosofia, a estética deve ser diferenciada do estudo da história da arte. Enquanto este procura descrever as diversas manifestações artísticas, em seus elementos específicos e gerais, a estética, como todo pensamento filosófico, busca pensar a condição de possibilidade, a origem, de toda manifestação artística. Podemos remontar o primeiro passo deste pensamento ao momento em que Sócrates pergunta ao pintor Parrásio "O que é pintura?". A pergunta pelo o que é propõe operar uma transposição da compreensão prática de quem faz, para o entendimento teórico de quem pensa, buscando determinar não as particularidades singulares dos fenômenos, mas a sua essência universal.
Por que a garatuja (um desenho mal feito) de uma criança não e considerada artística, mas passa a ser se leva a assinatura de Picasso?.
"Pintar a cor sangrenta da vida, a cor gelada da morte; dizer a dor dos tons, todo o cromatismo das tintas, interpretar, à maneira nova, fresca, original, palpitante, de forma que os pincéis comuniquem com veemência uma alma à tela, que os coloridos vivam e cantem na trinalagem vibrante de pássaros matutinos.         Exprimir as tonalidades quentes e possantes, os rubores humanos, e purpurejamento dos sangues, com tintas acres e com tintas delicadas, numa expressão forte de luxúria ou numa branda nuance de carne virginal e saudável, onde a aurora das seivas puras resplende.  Pintar toda a pungência latente de uma cabeça triunfante da vida, perfumada de graça, idealizada por algum sonho enevoado; dar-lhe a afeição da tua sensibilidade artística, linhas vagas, fugitivas, linhas angélicas e pulcras, firme e fundo cavando-lhe a negro ou a louro a onda torrencial dos cabelos, dando-lhe luz estrelar aos olhos, sangrando-lhe álacre a massa tenra dos lábios, traçando-lhe a meia lua dos seios lácteos gerando-a, enfim, com tintas dúcteis, de modo que a cabeça surja maravilhosamente da tela, te fascine, te deslumbre e tu a ames, como se ela possuísse o recôndito sentimento chamejante da Vida".  Depois de destacar o que faz a arte da pintura, sintetiza:
"e, assim, boca, olhos, cabelos, nariz, seios e faces, pintar a claro, na limpidez d'ouro da luz, banhando a tela de luz, inundando-a de luz, descrevendo as curvas da primorosa cabeça com o pincel encharcado em sol, no clarão sideral de uma luz ampla, larga, alastrante...,
1.1 ARTE É CONHECIMENTO INTUITIVO DO MUNDO
A Arte é um caso privilegiado de entendimento intuitivo do mundo, tanto para o artista que cria obras concretas e singulares, quanto para o apreciador que se entrega a elas para penetra-lhes o sentido. O verdadeiro artista intui a forma organizadora dos objetos ou eventos sobre os quais focaliza sua atenção. Ele vê, ou ouve, o que está por trás da aparência exterior do mundo.
Todo artista percebe (pelo poder seletivo e interpretativo dos seus sentidos) formas que não podem ser nomeadas ou reduzida sou reduzidas a um discurso verbal explicativo, pois, elas precisam ser entendidas e não explicadas. A partir dessa intuição, o artista não cria cópias da natureza, mas sim, símbolos dessa mesma natureza e da vida.
Esses símbolos, portanto, não são entidades abstratas, não são entes da razão. Ao contrario, são obras de arte, objetos sensíveis, concretos, individuais, que representam analogicamente, ou seja, por semelhança de forma, a experiência vital intuída pelo artista. A obra de Arte também é um objeto concreto para o espectador. Portanto, quando apreciamos uma obra de arte, fazemos através dos nossos sentidos: visão, audição, tato, cinestesia e se a obra for ambiental, até pelo olfato. É a partir dessa percepção sensível que podemos intuir a vivência que o artista expressou em sua obra, uma visão nova, uma interpretação nova da natureza da vida.
O artista atribui significados ao mundo por meio de sua obra. O espectador lê esses significados nela depositados. Essa "interpretação só é possível em termos de intuição e não de conceitos, em termos de forma sensível e não de signos abstratos". Portanto, podemos dizer que na obra o importante não é o tema em si, mas o tratamento que se dá ao tema, que o transforma em símbolo de valores de uma determinada época.
A luz, a cor, o volume, o peso, o esforço, enquanto dados sensíveis, não são experimentados da mesma maneira na vida do dia a dia e na arte. No cotidiano, usamos esses dados para construir, através do pensamento lógico, o nosso conceito de mundo físico. Em Arte, esses mesmos dados são usados para alargar o horizonte de nossa experiência sensível. Artista não copia o que é, antes cria o que poderia ser e , com isso, abre as portas da imaginação.
1.2 O PAPEL DA IMAGINAÇÃO DA ARTE
A imaginação serve de mediadora entre o vivido e pensado, entre a presença bruta do objeto e a representação, entre a acolhida dada pelo corpo ( os órgãos dos sentidos) e a ordenação do espirito.
A imaginação, ao tornar o mundo presente em imagens, nos faz pensar. Saltamos dessas imagens para outras semelhantes, fazendo uma síntese criativa. O mundo imaginário, assim criado não é irreal. É antes, pré- real, isto é, antecede o real porque aponta suas possibilidades em vez de fixá-lo numa forma cristalizada. Assim, a imaginação alarga o campo do real percebido, preenchendo-o de outros sentidos.
1.3 ARTE E SENTIMENTO
Na experiência estética, a imaginação manifesta, ainda, o acordo entre a natureza e o sujeito, numa espécie de comunhão cuja via de acesso é o sentimento. O sentimento acolhe o objeto, reunindo as potencialidades do eu numa imagem singular. É toda nossa personalidade que está em jogo, e o sentimento despertado não é o sentimento de uma obra, mas de um mundo que se descortina em toda sua profundidade, no momento em que extraímos o objeto do seu contexto natural e o ligamos a um horizonte interior.
Estabelecemos as diferenças entre sentimento e emoção. O termo emoção, etimologicamente, refere-se a agitação física ou psicológica e é reservado para os níveis mais profundos de agitação. Ela rompe a estabilidade efetiva. Assim, emoção designa um estado psicológico que envolve profunda agitação afeta. O sentido, por outro lado, é uma reação cognativa, de reconhecimento de certas estruturas do mundo, cujos critérios não são explicitados. É percepção das tenções dirigidas, comunicadas e expressas pelos aspectos estáticos e dinâmicos da forma, tamanho, tonalidade ou altura. Essas tensões são tão perceptíveis quanto o espaço ou a quantidade.
Podemos dizer então, que o sentimento esclarece o que motiva a emoção, na medida em que são essas tensões percebidas que causam a agitação psicológica. A emoção é uma resposta, é uma maneira de lidarmos com o sentimento. O sentimento, na sua função de conhecimento, alcança, para além da aparência do objeto, a expressão. A expressão é o poder de emitir signos e d4e exteriorizar uma interioridade, isto é, de manifestar o que o objeto é para si. Mas essa expressão, em Arte ocorre sempre através de um meio especifico. O artista não escolhe o seu meio ( vídeo, pintura, dança, etc.), como um meio material externo e indiferente. Para ele, as palavras, as cores, as linhas, as formas e desenhos, os sons (timbre) dos diversos instrumentos não são somente meios materiais de produção. São condições do pensar artístico. O projeto do artista condiciona o meio e o material, que , por sua vez, condicionam as técnicas e o estilo. Tudo isso reunido forma a linguagem da obra, sua marca inconfundível, seu significado sensível.
1.4 EDUCAÇÃO EM ARTE
O século XVIII viu ressurgir a teorização sobre as artes e o aparecimento da Estética como disciplina filosófica. Ressurgimento porque os gregos, especialmente Platão e Aristóteles, já haviam dado à arte um lugar de destaque em suas reflexões. A discussão no âmbito da Estética abrange questões referentes à natureza do objeto artístico e suas relações com a verdade e a beleza, questões referentes ao processo de criação do artista, ao motivo que faz com que as obras afetem outras pessoas, enfim, são variadas as questões que a Estética pode acolher.
A educação em Arte só pode propor um caminho: o da convivência com as obras de Arte. Aquelas que estão assim rotuladas em museus e galerias, as que estão em praças públicas, as que estão em bancas, em repartições do governo, nas casas de amigos e conhecidos. Também aquelas anônimas, que encontramos as vezes numa vitrine, numa feira nas mãos de um artesão. As que estão em alguns cinemas, teatros, na televisão e na radio: as que estão nas ruas: certos edifícios, casas, jardins, túmulos. Passamos por muitas delas, todos os dias, sem vê-las, por isso, é preciso uma determinada intenção de procurá-las, de percebê-las.
Quanto mais ampla for essa convivência com tipos de arte, os estilos, as épocas e os artistas, melhor. É só através desse contato aberto e eclético que podemos afinar a nossa sensibilidade para as nauseias e sutilezas de cada obra, sem querer impor-lhe o nosso gosto e os nossos padrões subjetivos, que são mascados historicamente pela época e pelo lugar em que vivemos, bem como pela classe social a que pertencemos.
1.5 HISTORIA DA ARTE
As manifestações artísticas tem sido bastante diversas no decorrer da historia. Isso se deve a vários fatores que vão do político, social e econômico até os objetivos artísticos de cada época ou cultura tem se colocado. Ao longo dos séculos, surgiram várias correntes estéticas que marcaram a produção artística, sendo, por isso, fundamentais para compreensão da historia da Arte.

2. NATUREZA DA OBRA DE ARTE.  
.- O objeto da arte é uma das preocupações de Cruz e Sousa (Um Brasileiro de Santa Catarina). Segundo ele, a arte tem por objeto revelar o algo mais, que está oculto e transcendente nas coisas, Aliás, este é o conceito simbolista da arte. Reencontrar-se-á depois na filosofia da arte de um dos maiores expoentes do pensamento moderno, Martin Heidegger
Platão interpreta a arte de modo ambivalente. Por um lado ele condena a pintura e a escultura como artes ilusórias, pois elas falsificam a imagem das verdadeiras formas da natureza; por outro, elogia a música e a dança como exercícios de educação para a compreensão do bem e da verdade. Para Platão, há um nexo fundamental entre o belo, o bem e a verdade, sendo a experiência de um a condução para o conhecimento do outro. Todavia não podemos caracterizar a constituição de uma estética no pensamento e nem na obra de Platão, pois a questão da arte e do belo só é colocada numa referência ao bem e a verdade, tendo como propósito não uma investigação do fenômeno artístico, mas uma determinação do conhecimento filosófico. Para Platão a arete é entendida como imitação da natureza e por sua vez e concebida como mimitação das ideias.
Aristóteles é o primeiro pensador a escrever uma obra acerca da questão da arte. Do ponto de vista subjetivo define a beleza como "um bem que agrada".A Poética tem como tema a origem da poesia e de seus diferentes gêneros, principalmente a epopéia e a tragédia. Sua tese fundamental, de que a arte imita a natureza, tornou-se um paradigma para todo o pensamento estético ocidental. Platão e Aristóteles foram interpretados por Tomás de Aquino em sua Suma Teológica, que afirma que o belo é um dos aspectos fundamentais do ser, juntamente com o bem e a verdade; o que efetiva a tripartição do estudo do ser em estética, ética e metafísica. Todavia, somente no século XVIII, Baumgarten vai inaugurar oficialmente a disciplina filosófica "estética", com a publicação de seu livro Estética ou teoria das artes liberais, conceituando-a como "ciência do belo e da arte". Os elementos fundamentais que contribuem para tornar algo belo, ou seja, aetístico, são tres: a ordem, a simetria e a determinação.
Vico A arte como forma de expressão, Giambattista Vico ioperou uma mudança decisiva para a historia da Arte. Para ele a Arte não é mais concebida segundo a forma mimética, mas como um modo fundamental e original do homem expressar-se, uma determinada fase de seu desenvolvimento.
Segundo Vuico, esse desenvolvimento comporta três fases ou idades: do sentido, da fantasia e da razão. A Arte é o modo característico de expressar-se na idade da fantasia: nessa idade, o homem expressa o seu modo de entender a reaalidade nas ciações da fantasia, nos poemas, nos mitos, etc.
Kant consolida esta tripartição da investigação ontológica, o que cria a estética como uma área determinada do estudo da filosofia, elaborando o seu sistema crítico através de três obras, de acordo com os três domínios da questão do ser: a Crítica da Razão pura, que trata da verdade, a Crítica da Razão prática, cuja questão é o bem, e a Crítica da faculdade do juízo, que investiga a experiência estética do belo como atitude contemplativa, desinteressada e não conceitual, das faculdades humanas. Para o idealismo alemão de Schelling e Hegel, a arte é instância em que o espírito, tornando-se consciente de seus próprios interesses, desperta para a sua vontade de absoluto. A arte constitui a primeira etapa da dialética que, juntamente com a religião e a filosofia, compõe os três momentos da auto-superação do espírito em busca do absoluto. Friedrich Nietzsche pensa a arte como estimulante vital, tônico contra o pessimismo da decadência platônico-cristã: "Temos a arte para não perecermos da verdade". Em O nascimento da tragédia, Nietzsche compreende a arte como uma composição de dois instintos da natureza, o apolínio e o dionisíaco, sendo a tragédia uma arte que nasce no equilíbrio da tensão harmônica entre estes dois instintos fundamentais. Apesar de em Nietzsche não encontrarmos mais uma divisão de seu pensamento nas três áreas da investigação filosófica.
Heidegger que rompe definitivamente com a tripartição da questão ontológica, determinando a arte, em sua obra Origem da obra de arte, como o "Pôr-se em obra da verdade" e, assim, conduzindo o problema da arte para a questão da verdade, e não para a do belo, conforme os tradicionais estudos da estética.
Freud foi um autor que esteve atento para essa proximidade entre Psicologia e Estética. Escreveu artigos sobre Leonardo da Vinci, Michelângelo e sua correspondência com o escritor Arthur Schnitzler deixa evidente que para Freud a arte gravitava na mesma órbita da disciplina que acabara de criar:
"Sempre me deixo absorver profundamente por suas belas criações, parece-me encontrar, sob a superfície poética, as mesmas suposições antecipadas, os interesses e conclusões que reconheço como meus próprios. Seu determinismo e seu ceticismo – o que as pessoas chamam de pessimismo – sua profunda apreensão das verdades do inconsciente e da natureza biológica do homem, o modo como o senhor desmonta as convenções sociais de nossa sociedade, a extensão em que seus pensamentos estão preocupados com a polaridade do amor e da morte, tudo isso me toca com uma estranha sensação de familiaridade".(Kon, 1995, p.128)
A atividade artística é híbrida, uma mistura de racionalidade e imponderável. A racionalidade está presente na forma de um manejo correto dos materiais. O imponderável seria o elemento que não pode ser previsto pelo artista. É justamente esse imponderável que distancia o fazer artístico de um procedimento técnico, já que nesse último o produto final é idêntico ao que foi planejado no início.
Sendo o imponderável um dos elementos da atividade criadora torna-se importante uma reflexão sobre ele. Freud pensou sobre os efeitos do imponderável e os relacionou com o recalque. Individualmente todos nós negamos determinadas situações. As idéias, sentimentos e desejos negados continuam em nós na forma de elementos recalcados, não desaparecem e originam o que Freud chamou de inconsciente. Dão testemunho de sua existência nos sonhos, atos falhos, sintomas, sensação de vazio ou plenitude, etc.Fica claro assim, que somos seres cindidos entre a consciência, que nos coloca nos ‘trilhos sociais’e o inconsciente que muitas vezes nos tira o fôlego.

3. FUNÇÕES DA ARTE
3.1 FUNÇÕES PRAGMATICAS OU UTILITARIA
Não e valorizada por ser mesma, mas como meio de se alcançar um outra finalidade.
Ex. a arte servil para ensinar os principais preceitos da religião católicas e para relatar historias Bíblicas.
3.2 FUNÇÕES NATURALISTA
Refere-se aos interesses pelo conteúdo da obra, ou seja, pelo que a obra retrata.
Ex. na forma de esculturas , pinturas e etc.
No final da década de 1930, Picasso fez o seu quadro mais famoso, chamado Guernica (pintou esta enorme tela em um mês - de maio a junho de 1937). Esta obra foi uma resposta aos horrores da Guerra Civil Espanhola, guerra que começou em julho de 1936 com um golpe militar liderado pelo General Francisco Franco. Guernica foi a expressão máxima não só do sofrimento do povo espanhol como, também, do impacto das armas modernas de guerra sobre suas vítimas em todas as partes do mundo.
3.3 - FUNÇÕES FORMALISTA
Procupa-se com a forma de apresentação da arte.
E a única que se oculpa da arte com tal e por motivos não estranhos ao âmbito artísticos.

A era da arte não tem início quando se começam a produzir obras de arte, ou pelo menos aquilo a que hoje chamamos obras de arte, mas sim quando certos objectos começam a ser pensados em termos estéticos. E também não acaba quando deixam de existir obras de arte, mas sim quando a produção das mesmas deixa de ser coerente e quando essa falta de coerência é consciente e assumida. Entre o princípio e o fim da arte conta-se uma história, a história da arte que primeiro foi mimética e depois foi moderna. Uma pintura de Jackson Pollock tornava visível tudo o que Kant havia pensado acerca da beleza. Com ele o público pode ter uma intuição da imaginação criativa à qual não pode ser dado qualquer conceito. A forma e só a forma da pintura, o modo como a tinta se liberta em direcção à tela e esta a recebe, pode provocar um prazer desinteressado, comunicável e universalmente necessário.

4. O FIM DA OBRA DE ARTE
Uma das teses mais difíceis e enigmáticas acerca do fim da arte é a da afirmação da natureza filosófica das obras da era pós-histórica. Diz-se que elas se tornam auto-conscientes. Mas esta auto-consciência não poderá significar que a arte se torna objecto para si mesma, tal como acontece com a pintura modernista (destinada a mostrar o que é a pintura) porque esta é uma característica da arte modernista. Se significa que a arte serve para fazer pensar acerca da própria arte e da sua natureza, teremos de saber em que se distingue uma obra de arte de um texto filosófico.
A ideia de um desenvolvimento tripartido que culmina num momento de auto-consciência é claramente hegeliana. O Espírito reconhece-se nesse momento e percebe as suas manifestações, a sua história, torna-se consciente de si mesmo quando entende que todos os seus momentos são necessários e que a sua essência histórica chegou agora a bom termo. O momento pós-histórico da arte é comparável à realização do Espírito Absoluto. A arte sabe agora qual é a sua essência, compreende a sua história e percebe que todos os "estádios de evolução" foram necessários. Não há nada de problemático nos momentos anteriores da história da arte porque também eles manifestam a essência da arte. Com o fim da arte chega também ao fim qualquer revolução, porque as revoluções justificam-se enquanto meios para atingir a plenitude que, neste momento, foi já atingida. Tal como Hegel se julga o profeta do fim da história, Danto apresenta-se em After the End of Art como aquele cuja clarividência permitiu anunciar o fim da arte, tornando a arte consciente de si mesma.
O que é exactamente a essência da arte, é algo difícil de perceber nas palavras de Danto. A Fonte e Brillo Box não provam que não exista uma essência na arte, provam sim que aqueles que até agora tentaram dizer o que ela é estavam errados. Para Danto, a essência da arte é histórica e Hegel foi o único que a compreendeu. Segundo Hegel a apreciação das obras de arte deve fazer-se atendendo a dois aspectos já aqui mencionados: 1) O conteúdo da arte, 2) o meio da apresentação. Do modo como ambos se relacionam resulta a própria obra. Se um dado conteúdo for apresentado de duas maneiras teremos duas obras e não uma. Se um artista nos quiser dizer alguma coisa acerca da contingência da existência humana, por exemplo, poderá fazê-lo através do drama ou da comédia. Mas a escolha de um ou de outro condicionará também a mensagem a transmitir. Podemos entender até que um conteúdo específico requer o meio de apresentação adequado a ele, que as coisas que um artista quer dizer só podem ser ditas de uma certa maneira, recorrendo a um certo meio de apresentação. Só na conjugação dos dois existe propriamente a obra. Danto aceita que estas duas condições não são conjuntamente suficientes para termos uma obra de arte. A definição de arte só parcialmente deve ser feita a partir delas.

5. ARTE MORAL
Problema da Arte e Moral foi resolvido de maneira diferente pelos filósofos segundo a finalidade que trataram de atribuir a atividade estética.
Autores como Platão e Aristóteles atribuíram à Arte uma finalidade essencialmente pedagógica e outros autores, como Vico, lhe atribuíram uma finalidade metafísica.
Todos eles submeteram de forma mais ou menos direta, mais ou menos explicita, a Arte à Moral e, em conseqüência, condenam do ponto de vista estético as obras que julgaram moralmente censurável.
O reconhecimento da autonomia da Arte pela moral é uma conquista recente e atribui-se este mérito aos idealistas, em particular e Benedetto Croce. Segundo Benedetto Croce, a Arte é absolutamente autônoma: não esta sujeitarem a filosofia nem á moral, nem á pratica. A Arte como Arte é Moral. Isto é aquém do bem e do mal.
A Arte para ter caráter de Arte, para ser verdadeira Arte deve verdadeira expressão." Expressão de que? Que quem que exprima o artista se não suas impressões? Os sentimentos que experimenta?
Para fazer Arte verdadeira, preciso expressar aquilo que há em si mesmo, de dentro dos seus sentimentos, dentro de uma realização própria. Quem o exprime bem é o artista.
Mas o homem e o artista são duas realidades diferente . para ser artista, basta expressar bem os próprios sentimentos, enquanto o homem deve ser também moral, saibo e pratico, embora não estando sujeito à moral como o artista, o artista esta sujeito à moral como o homem.
Se a Arte esta aquém da moral, não esta de um lado ou de outro, mas sim sob o domínio do artista, enquanto o homem não escapar dos deveres morais e à própria Arte. A Arte não é, e nunca será a moral. Deve ser encarada como um dom ou uma missão.
De principal importância e a determinação contida na fase: A Arte esta alem da moral ... mas sob o domínio dela esta o artista enquanto homem." De fato o homem, apesar de multiplicidade de suas atividades, constitui uma unidade essencial. Ora, a unidade è possível somente se as numerosas atividades são ordenadas para um fim ultimo. Mas dado que o fim ultimo do homem é a plena realização de si mesmo aqui esta seu bem supremo, a sua felicidade; e porque cabe à moral reconhecer tal fim e estudar meios de atingi-lo, deriva-se uma certa subordinação da Arte a moral. Esta relação é semelhante á existência entre moral e política: é uma relação de subordinação indireta. Também a Arte, como a política, deve contribuir à obtenção do fim ultimo do homem. Este porem, é o objetivo primeiro e principal da moral.

6. CRITICA
Como definição da Arte podemos afirmar que todo sentimento é real, ou seja, atraves do sentimento podemos expressar de forma concreta e objetiva de uma obra de Arte, tanto o indivíduo como a sociedade percorrem o caminho em direção á cultura e realizem seu encontro com a eternidade.
Na verdade, o homem sempre se revoltará contra as limitações da sua natureza, sempre lutara pela imortalidade. O homem sempre necessitará da Arte para se familiarizar com a sua própria vida e com aquela parte que a sua imaginação lhe diz ainda não tem sido devassada sendo mortal e, por conseguinte, imperfeito, o homem sempre se vera como parte de uma realidade. Assim como a linguagem representa em cada indivíduo a acumulação de milênios de experiências coletivas, assim como a ciência equipa cada indivíduo com o conhecimento adquirido pelo conjunto da humanidade, da mesma forma a função permanente da arte e recriar para a experiência de cada indivíduo a plenitude daquilo que ele não é, a experiência da humanidade em geral. O homem. Que se tornou homem pelo trabalho, que superou os limites da animalidade transformando o natural em artificial, será sempre o mágico, o criador da realidade social, será sempre o magico supremo, ser sempre prometeu trazendo o fogo do céu para a terra, será sempre orfeu enfeitiçando a natureza com sua música. Enquanto a própria humanidade não morrer a arte não morrerá.

BIBLIOGRAFIA
Galerias de arte na WWW: Greek Mithology Link, Survivors of the Ancient World, Web Gallery of Art, Mark Haiden Artchive, CGFA Virtual Art Museum, WebMuseum, World Wide Arts Resource, Renaissance Café, Yahoo:Art History:Periods and Movements
Batista Modndin , Cooper, D., (ed)., A Companion to Aesthetics, Oxford, Blackwell Publishers Inc, 1997
Danto, A., After the End of Art, Contemporary Art and the Pale of History, Princeton, Princeton University Press, 1997.
Danto, A, "The Artworld", in Margolis, J., (ed), Philosophy LooKs at the Arts, Philadelphia, Temple University Press, 1987, pp. 155-167 (primeira publicação em The Journal of Philosophy, LXI, 1964)
Greenberg, C., "Modernist Painting", in Harrison C., e Wood, P., Art in Theory, 1900-1990, Oxford, Blackwell Publishers Inc, 1996, pp. 754-760 (primeira publicação em Forum Lectures, Washington DC, 1960.)
Janson, H., História da Arte, trad. de J. Ferreira de Almeida e M. Santos, Lisboa, Fundação Caloute Gulbenkian, 1992.

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